Poema do Caboclo Aderne sobre a Garrafeira Alfaia!!!
Out 01
Caboclo Aderne
garrafeira alfaia , lisboa, 9 de novembro de 2011
nao me importo que deus me pague um carro velho
nem tão pouco ir de novo ao louvre ou ao coliseu
não me importo de não mais ve-la
e de não sentir aquele beijo que me deu
que chovam pedras ou que o mundo caia
só lhe peço uma coisa:
me deixe beber sossegado uma ampola no alfaia
não me importo de não mais ver ipanema
de não andar nos finais de tarde no calçadão
não me importo de perder o próximo almodovar no cinema
nem de ver a flor das cerejeiras no outono do japão
não mais ve-la dançar rodando a saia
só lhe peço uma coisa:
me deixe tomar uma ampola com o amigo pedro no alfaia
não me importo de não mais escutar joão gilberto domingo de manhã
ou de perder o por do sol na torre de brasília
não me importo de não mais andar pelas ruas da grande maça
de perder o jobi e não sonhar mais em leva-la pra derradeira ilha
de nunca mais ir ao arpoador e acalmar os olhos na minha primeira praia
só lhe peço uma coisa;
me deixe esvaziar uma pomada duriense no alfaia
não me importo que ela se engane e nunca mais me olhe nos olhos
que o vesúvio e o etna baillem juntos em erupção
que nunca mais vá a fernando de noronha e abrolhos
que os acordes durmam e desapareçam da minha mão
de entrar na torcida do benfica com a camisa do sporting e tomar uma vaia
só lhe peço uma coisa:
me deixe em paz fazendo par com um tinto no alfaia