#AsSaudadesDoBanquinho por Zeca Camargo

Jun 26

O Zeca Camargo, apresentador da Rede Globo e amigo da Garrafeira, fala sobre o nosso querido banquinho. 🙂

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Aparentemente fui visto em Lisboa. Wellvis me “dedou” no comentário que mandou para o post anterior – um dos poucos que não vieram com uma estupenda indicação de um bom começo de livro (mais sobre isso, daqui a pouco). Disse ele que me viu “sentado no meio-fio conversando com uma galera no Bairro Alto”. Pois viu (como se diz aí mesmo “no Portugal”)! Provavelmente estava “batendo o cartão” – com um copo de um Douro mão, certamente – na garrafeira de meu amigo Pedro, a Alfaia, na rua Diário de Notícias.

Passar por ali é uma espécie de ritual, sempre que estou em Lisboa. Vinhos como o Poeira, o Pêra-Grave, o Sombra, o Hexagon, e tantos outros que nunca chegam aqui ao Brasil, podem ser degustados sem pressa, acompanhados de um bom queijo (e a mais suculenta alheira), enquanto passa a vida portuguesa – e eventualmente um carro de polícia reclamando que a rua (que é de pedestres) está cheia demais e pode obstruir a passagem de uma improvável ambulância…

Ou talvez nem tão improvável assim, já que o a população do Bairro Alto divide-se entre a alta geriatria e a mais ébria juventude… O que dá a esse lugar um ritmo único: suas 24 horas começam tão sonolentas quanto às roupas estendidas nos varais improvisados nas janelas pombalinas, quando a única circulação na rua é das senhoras em passos oscilantes a carregar as compras da manhã; à tarde, as lojas abrem aos poucos para os poucos turistas que não entendem bem porque aquela região é tão destacada em todos os guias, mas se sentem imediatamente recompensados ao descobrirem um dos raros restaurantes abertos para almoço (sobretudo se ele for O Caracol); a luz vai indo embora com generosidade no verão português, e os bares começam a justificar a fama do Bairro Alto como alma da noite lisboeta – e esse sim é meu momento favorito do dia, onde eu sento para tomar vinho “ao meio-fio” na Alfaia (as altas horas da noite, onde as ruas ficam apertadas para tanta gente que vai beber nas inúmeras bibocas que se reciclam a cada temporada, infelizmente já não pertencem a mim, mas aos “putos”, como se diz por lá…).

 

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#AsSaudadesDoBanquinho por @EdsonRosas

Jun 19

#AsSaudadesDoBanquinho continua hoje com mais uma linda história de um grande amigo: Edson Rosas.

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Anos atrás passava eu pela Diário de Noticias a caminho da Bica,
quando encontro um amigo sentado num banquinho no meio da rua,
com outro banquinho a lhe servir de mesa para um belo prato de amêijoas à bulhão pato.
Ao seu convite, juntei-me a ele.

Foi como uma droga.

Logo apareceu o Pedrão com uma prova de um certo moscatel roxo rosé.
Onde eu me meti? Pensava.
Rosé do moscatel??? De Setúbal??

Ali já estava viciado em mais 2 coisas.

O gajo com a boa conversa, logo me conquistou, apesar de eu ainda não acreditar em vinho que não Borgonha.

Já se vão alguns anos do dia em que tomei meu primeiro moscatel roxo rosé com o Beda e o Robério, quase na esquina da minha casa.
As músicas do Pierre, o sotaque do Bertrand, os brancos do Ricardo, o pato do Miguel, as saudades do Pereira…

Uns chamam a Garrafeira, outros do Alfaia, outros da Livraria, mas sempre vamos ao Pedrão.

 

 

 

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#AsSaudadesDoBanquinho por @LuCani

Jun 12

 

Gostávamos de resgatar os nossos banquinhos.
Mas, já que não podemos, recordamos as boas e saudosas histórias vividas nele.
A começar por uma de nossa querida amiga: Lu Cani.

Lu Cani

 

Para quem não sabe, desde 1973, aos domingos à noite no Brasil, passa na Tv Globo um programa chamado Fantástico. O programa tem duração de 2 horas e 20 minutos e tem uma música de abertura bem característica. Era o prenúncio de que fim de semana chegava ao fim.

 

Desde que me lembro por gente, essa música me causa uma pequena depressão. Era a música que me dizia: “Amanhã tem que acordar cedo para ir à aula” e depois: “amanhã vai enfrentar 2 horas de trânsito para chegar na agência”. Mas eu não era um caso isolado. Essa música deprimia a maior parte das pessoas que eu conhecia.

 

Quando fiz 27 anos mudei-me para Lisboa. E logo descobri a Garrafeira do Pedrão. Num determinado momento eu, a Vanessa, o Erick e mais alguns amigos passávamos a vida a nos encontrar nesse bar. E os domingos eram sagrados. Trocávamos mensagens por volta das 5, e às 6 da tarde já estávamos sentados nos nossos banquinhos a degustar um bom vinho.

Numa dessas noites de domingo, o Erick pegou o telemóvel e colocou a música da abertura do Fantástico para tocar. Ficamos em silêncio, fechamos os olhos e ouvimos a música da depressão. Logo que acabou, olhamos uns para os outros e começamos a rir. Rimos muito e alto! Aquela música já não significava nada. As noites de domingo agora eram felizes, cheias de vinho e boa companhia. E ainda anunciavam uma semana espetacular pela frente.

 

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